terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Pesquisador questiona BRT

Adalberto Veríssimo, do imazon, diz que o projeto de ônibus rápido aponta para a verticalização imobiliária

O projeto da Prefeitura de Belém de criação da uma via expressa para ônibus urbanos pela avenida Almirante Barroso, no fluxo Belém-Icoaraci e vice-versa, conhecido como BRT, mostra-se nocivo para o funcionamento da capital paraense, a partir de uma possível verticalização imobiliária nessa via de entrada e saída da cidade, aliada ao acúmulo de carros e à falta de outras de escoamento de veículos. O alerta foi feito ontem à noite pelo pesquisador Adalberto Veríssimo, do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

O pesquisador cruzou informações com do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PA) sobre o trânsito de Belém com a densidade demográfica da cidade e identificou que, em 2005, havia 12 habitantes para cada carro; agora, são de 7 a 8 habitantes para cada carro, indicando o crescimento da frota na área urbana. O BRT e um projeto de aumento da altura de construção de imóveis na Almirante Barroso deverão ser discutidos por vereadores hoje na Câmara de Belém, inclusive, com a presença do prefeito Duciomar Costa.

Adalberto Veríssimo participou, ontem, do lançamento do Programa Belém Sustentável, em que pré-candidatos a Prefeitura de Belém (Arnaldo Jordy-PPS e José Francisco-PV) e dirigentes das siglas PV, PPS, Democratas, PSDC, PT do B e PMN assinaram a carta-compromisso do Programa Cidades Sustentáveis/Belém Sustentável, iniciativa de instituições e entidades no Brasil. A pré-candidata à Prefeitura de São Paulo, Soninha Francine (PPS), e o coordenador do Observatório Social de Belém, Ivan Costa, participaram da programação.

"Como existe o problema da falta de mobillidade em Belém, a prefeitura tem de investir em transporte público e melhorar as ciclovias e ainda descentralizar os serviços públicos que hoje em dia estão concentrados no chamado centro da cidade. Eu não sou contra a urbanização horizontal e vertical da cidade, mas as ações precisam ser feitas com planejamento. Então, os cidadãos, a Imprensa e a sociedade em geral precisam debater o Plano Diretor Urbano (PDU). No trânsito, precisamos garantir três corredores de tráfego: o prolongamento da avenida João Paulo II até o Coqueiro e a continuação da avenida Independência até o limite Ananindeua-Marituba, além do fluxo na Almirante Barroso", disse Veríssimo.

Um comentário:

  1. Concordo que o projeto tenha este foco (também). Mas não se pode esquecer que a classe trabalhadora e a população em geral que usa ônibus terá um grande benefício em virtude da implantação do BRT, pois ele é uma alternativa mais viável do que o VLT que está sendo implantado em Cuiabá, por exemplo. Além de ser 40% mais barato do que o VLT, o BRT traz menos impactos ambientais e sociais, além de ter menor impacto no que se refere à estrutura viária da cidade. Será que nosso "sábio" pesquisador quer que nossas ruas continuem engarrafadas por causa do excesso de ônibus pequenos que circulam hoje em dia? Ou quer que as latas de sardinha enferrujadas que nós temos hoje continuem? Pelos meus cálculos, o BRT transporta até 30.000 pessoas por hora em cada sentido! Só aí já bate nosso sistema atual de 8 a 0, pois o atual só consegue transportar no máximo umas 17.000 pessoas por hora no sentido Belém Icoaraci. O ideal, também, é exigir da Prefeitura que não haja um aumento de passagens, que não hajam desapropriações, ou, se houverem, que sejam construídas casas populares sem ônus para os proprietários dos imóveis que forem demolidos, a implantação de sistema de terminais de embarque e desembarque, bilhete único com duração de 2 horas, em suma, um plano de ação paralelo à instalação do BRT. Uma das propostas que eu defendo, também, é o isolamento da ciclofaixa que existe na Av. João Paulo II nos moldes do que foi feito na Av. Almirante Barroso ou a implantação de uma na Av. Duque de Caxias (o que é improvável). Isto sim é defender o Transporte Público. Por fim, devemos, como bandeira máxima, exigir a estatização do sistema de BRT implantado e, posteriormente, de todo o sistema, para democratizar e priorizar o sistema público de transporte. Rumo ao passe livre para estudantes e desempregados, e, posteriormente, para todos, como consequência da estatização (já que os custos do transporte estarão embutidos nos impostos arrecadados). Boa luta a todos!!!

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